sábado, 18 de agosto de 2012

INDIOS: Seridó - RN

Índios chamados Tapuia ou nômades chefiados por Janduí


Naquele mundo cheio de pedras, serras semi-áridas, garranchos, vales e rios secos ou sazonais, habitado por gente de grande resistência, alegre, feliz, amiga e hospitaleira – tivemos um acontecimento que se projetou em toda a Europa: a festa ou ritual3 da passagem, realizada pelos índios Tarairiú, em junho de 1647, ali reunidos pelos seus caciques chefiados pelo maioral Janduí.


No “seu altar para os céus”4 – a serra Macaguá, atual Serra de Santana, os indígenas reuniram-se numa “aresta estreita e comprida, que mede, aproximadamente, 10 quilômetros por 1.500 metros”5 – onde estavam preparando as suas festas, no final de junho, sob todo o rito selvagem, através da bebida, comida e também da antropofagia com respeito e admiração pelos seus valores humanos vivos e mortos.



Aquele local não pode ser outro, a não ser onde, atualmente, localiza-se o açude Marechal Dutra – ex-Gargalheiras, município do Acarí, desmembrado de Caicó, da antiga região do Seridó6 – por onde viviam os índios chamados Tapuia ou nômades chefiados por Janduí e outros caciques valentes, poderosos, corredores e destemidos.


As estimativas são de que 3 a 5 mil índios – mulheres, homens e crianças tapuias foram participar daquela festa7 ou Toré, em nome do deus Taúba, com atos e cerimônias de partos, mudança de idade, união conjugal, danças, cantos, corridas do tronco, bebidas e alimentos durante várias noites, queima de fogueiras, morte e nascimento de crianças, cura de doentes, além do canibalismo próprio dos índios Tarairiú.


Naquela oportunidade, certamente o rio Acauã – já estava com muita água pluviométrica, a qual fazia um espelho sob a claridade da lua, enquanto o clima era frio, levado pelo vento norte que assanhava os cabelos longos8 dos índios e levantava as folhas que cobriam o corpo das mulheres.


Parece que nada foi feito neste sentido, pelo menos, no Rio Grande do Norte, menos ainda na região Nordeste ou no Brasil – considerando o valor9 cultural, antropológico, histórico e, também sociológico para todo o país, como fator de reconhecimento em torno de nossas origens.


Os indígenas do Rio Grande, com sua beleza natural e seus feitos culturais – continuam esquecidos e abandonados, desde o período colonial, pelos artistas da terra, a exemplo10 do que tem ocorrido com as demais categorias sociais, em decorrência da ação separatista de uso e abuso comuns.


O monumento da Serra Macaguá foi publicado em Paris - 1651, pelo filósofo e historiador francês Pierre Moreau, depois de haver consultado o original das Relações de Viagem, escrito com falhas e erros, em 1647 pelo representante dos holandeses junto aos índios, Rodolfo Baro. 11


Moreau ganhou fama e prestígio em toda Europa iluminista com a divulgação do seu trabalho referente às festas dos índios Tarairiú na Serra Macaguá, vez que naquela época a cultura européia estava voltada para os acontecimentos das viagens pelo Novo Mundo, especialmente no tocante aos povos indígenas que causavam admiração12 aos civilizados.


Naquele mesmo ano – 1647, o holandês Gaspar Barléo, ao publicar o livro da história do governo flamengo no Brasil, com Maurício de Nassau, deixa de mencionar os relatos da viagem de Baro aos Tarairiú, exceto as palavras “um certo Baro” que prestava serviços ao governo da Holanda no Brasil.

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